quinta-feira, 19 de março de 2015

Breve antologia poética mariana

Uma página dedicada a um templo mariano dificilmente se aceita sem alguns textos que exaltem a sublime figura da Mãe de Deus. Colocamos por isso aqui uma breve antologia de poesia a Ela dedicada.


MAGNIFICAT!

Magnificat é a palavra com que começa em latim o canto de louvor e de gratidão de Nossa Senhora aquando da sua visita a Santa Isabel, que a declarou “bendita entre as mulheres”, isto é, a mais notável e a mais santa entre as mulheres. Vem no Evangelho de São Lucas, o mais mariano dos quatro evangelistas.
A versão que se segue foi versificada, rimada e ligeiramente acrescentada por Augusto Gil (1873-1929).

A minha alma engrandece,
Glorifica o Senhor!
E todo o meu espírito estremece
E crepita e exulta e resplandece
Em Deus, meu Salvador!...

Beijo de orvalho na folhinha de erva
Baixou Deus da vertigem do infinito
Por sobre Mim, sua humilhada serva,
A eterna luz do seu olhar bendito...

E fiquei para sempre iluminada
Nesse piedoso e límpido clarão!
E hão-de chamar-Me bem-aventurada
Sempre, de geração em geração...

O seu nome é sagrado:
E o seu poder que nunca terá fim
(Por ter em mim poisado)
Não vistas maravilhas fez em mim!

E aos que o temem e a quem dele implora
Misericórdia e protecção clemente,
Deus encaminha-os — pela vida fora
E sempre, eternamente...

Manifestou a força do seu braço
E aos vãos, aos de orgulhoso pensamento,
Desfê-los — como a poeira, pelo espaço,
No turbilhão do vento... 

Derruiu tronos e reis — pô-los de rastros...
 — E aos humildes ergueu-os para os astros!
Deixou os ricos sem riqueza e nome
— E encheu de bens os que sentiam fome!
           
Com desvelado e carinhoso amor,
Protegeu Israel, seu servidor,
                                                
Marcou-lhe os firmes passos com sinais
De Bênçãos e clemência,
Conforme prometera a nossos pais,
A Abraão e a toda a sua descendência...

E eis que será perpetuamente assim
Nos séculos dos séculos sem fim!...


AVE MARIA

A Ave-Maria é constituída por duas partes: na primeira louva-se a Cheia de Graça, na segunda pede-se a sua intercessão.
A primeira parte é constituída por frases retiradas do Evangelho de São Lucas. Sem ele, não teríamos a Ave-Maria.

Ave Maria, cheia de graça,
O Senhor é convosco!
Bendita sois Vós entre as mulheres,
E bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!

Santa Maria, Mãe de Deus,
Rogai por nós, pecadores,
Agora e na hora da nossa morte.
Amém.


SALVE RAINHA

A Salve Rainha é a mais famosa oração a Nossa Senhora depois do Ave-Maria.
Parece ter sido sugerida pela própria Mãe de Deus à alma que a recitou pela primeira vez.

Salve Rainha,
Mãe misericordiosa,
Vida, doçura e esperança nossa, salve!
A vós bradamos os degredados filhos de Eva,
A vós suspiramos, gemendo e chorando
Neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa,
Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei
E, depois deste desterro, nos mostrai Jesus,
O bendito fruto de vosso ventre,
Ó clemente, ó piedosa,
Ó doce sempre Virgem Maria!
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Amém.


À VIRGEM SANTÍSSIMA
Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia

Antero de Quental (Ponta Delgada, 18 de Abril de 1842 - 11 de Setembro de 1891) é autor de alguns dos melhores sonetos de temática religiosa da nossa literatura e também dos mais conhecidos.
À Virgem Santíssima foi escrito em Vila do Conde e é por isso que aqui se coloca. A Praça Velha, onde viveu o poeta, fica quase em linha recta para a Senhora da Lapa.

Num sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizível ansiedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não era o vulgar brilho da beleza
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer... uma ventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...

Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!


TU ÉS O SOL NUM NOVO AMANHECER!

Hoje continua-se a fazer boa poesia religiosa. Este poema e a sua música surgem aqui atribuídos a José Alberto e António Ferreira. A primeira quadra é refrão.

Tu és o Sol num novo amanhecer,
Tu és farol, a vida a renascer!
Maria, Maria! És poema de amor,
És minha mãe e mãe do meu Senhor!

Hoje quero acordar
E ter-Te junto a mim.
Quero hoje cantar
Poemas de amor sem fim!

Com a luz do teu olhar,
Vou semear a esp'rança.
Pelo tempo vou voar
Sentir que sou criança!

Teu carinho e ternura
Abraçam todo o mundo;
Teu sorriso de candura
Certeza de amor profundo!

Teu rosto puro e lindo
É luz de um novo dia;
É espaço infinito

De amor, paz e alegria!

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