A PRIMEIRA LAPA
As três Lapas
Na memória paroquial o Prior de Vila do Conde pareceu dar a entender
que a invocação da Senhora da Lapa era recente na Capela de São Bartolomeu, mas
uma referência documental de 1738 já associa esta capela à Senhora da Lapa.
O mesmo nome de lapa, porém, aponta para três fases de devoção
diferentes.
A primeira seria a que precedeu a pregação do Pe. Ângelo de Sequeira,
a segunda a que se seguiu a ela e a terceira a que sucedeu à anterior, depois
que foi esquecida a pregação daquele sacerdote.
Chamamos-lhes as três
Lapas[1].
A primeira teve necessariamente origem em Sernancelhe, fonte
donde se espalhou essa devoção por Portugal e colónias e mesmo para Espanha.
Nessa divulgação teve lugar especial a pregação dos jesuítas.
A segunda, que explanaremos à frente, deve-se, como foi
dito, ao Pe. Ângelo Sequeira.
A terceira caracteriza-se por identificar a lapa com a Lapa
de Belém, do Presépio, com a consequente devoção ao Deus-Menino e à Sagrada
Família.
A primeira Lapa
Copiamos do site
do Santuário da Lapa em Sernancelhe a lenda que terá originado a devoção à
Senhora da Lapa:
Diz a lenda que, em 1498, uma
pastorinha de doze anos, de nome Joana, muda de nascença, introduzindo-se por
entre as fendas das rochas encimadas pela grande lapa, aí encontrou uma linda
imagem da Virgem, que ali teria sido escondida há mais de quinhentos anos por
umas religiosas fugindo a uma perseguição.
A devoção e todo o carinho que a
menina dedicou à imagem valeram-lhe uma especial protecção da Virgem que por
milagre lhe concedeu o dom da fala.
Depressa se divulgou o milagre,
originando uma crescente afluência de peregrinos jamais interrompida até aos
dias de hoje.
Os primeiros devotos prepararam
uma gruta debaixo da lapa, onde entronizaram a imagem, construindo ao lado uma
pequena ermida.
Em 1576, a Lapa foi confiada aos
Padres da Companhia de Jesus, sediados no Colégio de Coimbra. Estes
construíram, então, o actual Santuário, abrigando a penedia no seu interior. Em
1685 iniciaram a construção do "Colégio da Lapa", contíguo ao
Santuário.
Daqui partiu a devoção para os
mais variados pontos do país e do mundo, chegando à Índia e ao Brasil. Esta
expansão foi facilitada pela actividade missionária dos mesmos Padres Jesuítas,
aos quais estava confiado este Santuário.
A Senhora da Lapa, em Portugal, e
Santiago de Compostela, na Espanha, chegaram a ser, em tempos, os dois
Santuários mais importantes da Península Ibérica.
Outra imagem de São Bartolomeu. A cruz pretende indicar que
este apóstolo foi martirizado por crucifixão. Esta imagem deve ser a que
precedeu a actual e por isso do tempo da colocação da talha neoclássica.
Página de rosto dum
Missal Romano da Lapa de 1726.
O lintel desta porta tem a data de 1739. A casa, na actual
Rua da Lapa, pertencia a Formariz, mas ficava próxima da antiga Capela de São
Bartolomeu.
[1]
Segundo o dicionário, lapa tem entre outros estes significados: “pequena gruta
ou cavidade aberta na rocha” e ainda “laje que, sobressaindo, forma debaixo de
si um abrigo natural”. São estes os significados a atribuir à palavra quer se
pense em Sernancelhe quer na lapa do Presépio.
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